BlogdoViajante
O valor do meio ambiente
É óbvio que estimar valor monetário para o meio ambiente não é tarefa das mais simples tanto porque até bem pouco tempo realmente não se cogitava disso, ou seja, atribuir valor ao ar, à vegetação, ao solo, aos recursos hídricos, à paisagem, enfim, quanto pelo fato de que não havia de fato instrumentos, metodologias, que permitissem essa valoração.
Some-se a isso a concepção um tanto quanto romantizada sobre o meio ambiente, especialmente o natural, que, embora insista em ocupar a mente de muitas pessoas, fazendo-as crer ser impossível valorar monetariamente biodiversidade, por exemplo, ou sua redução, fato é que, já passou e muito da hora de se cair na realidade, de mudar essa ideia ultrapassada e, diria até suicida.
Diz-se ser uma ideia suicida porque a negação, a resistência ignorante às evidências climáticas e ambientais que se têm apresentado à humanidade desde a revolução industrial, nos levará, inexoravelmente a um estágio catastrófico da existência humana. Segundo o Relatório Planeta Vivo da WWF, de 2024, o mundo perdeu 73% da biodiversidade na vida selvagem em 50 anos (1970 a 2020); isso é pouco? Ou é assustador?
Desse jeito, enquanto a biodiversidade, os recursos naturais do planeta vão se esvaindo numa velocidade cada vez maior, ficamos estáticos, inertes, duvidando que seremos tragados pelas catástrofes ambientais e climáticas. Arrisco a dizer que até o próprio São Tomé capitularia numa situação como a que vivemos hoje e, prudentemente, não “esperaria para ver”!
Dia desses noticiou-se que pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas apontaram a perda de mais de 90% dos corais na costa daquele Estado, especialmente na região de Maragogi, Maceió e Paripueira. Disseram os pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Conservação no Antropoceno – Ecoa, da UFAL: “Os resultados das nossas análises preliminares foram devastadores. Apesar da beleza dos recifes alagoanos quando vistos de cima, o que encontramos embaixo d´água foi um grande cemitério de corais.”
Esse é só um dos inúmeros indicadores das consequências das intervenções humanas sobre o meio ambiente que resultam de forma direta, implacável e muitas vezes irreversível em perda significativa do capital natural que nos resta, em cotejo com um ilusório ganho do capital financeiro.
Se vivemos num mundo capitalista — alguém é capaz de duvidar? — parece-nos que alguma providência mais enfática, mais resolutiva, há que se ter em relação ao capital natural. Como assim? Valorando-o economicamente e, a partir dessa valoração, enviando as faturas a serem pagas por quem durante muito tempo usufruiu da degradação/poluição dos recursos naturais em prol dos seus negócios e em nome de uma verdadeira mais-valia ecológica.
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