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ENGENHRIA DO IMPENSAVEL: O CONCRETO ROMANO
ENGENHRIA DO IMPENSAVEL: O CONCRETO ROMANO
A sabedoria da antiguidade ainda se reflete em nossa atualidade e nos guia ao futuro. Grande parte de nossa tecnologia atual é na verdade redescobertas de tecnologias do passado, imagine como seria o mundo hoje se as civilizações gregas e romanas não tivessem caído ou se a biblioteca de Alexandria não tivesse queimado e seu conhecimento perdido. O mundo antigo era tão ou mais avançado que o nosso sendo que ainda utilizamos suas tecnologias e descobertas e uma delas é o concreto.
A formula do concreto romano, o Opus Cimenticiun é basicamente a mesma que utilizamos hoje, composto de cal, água, areia e agregados, porem o concreto romano possuía um ingrediente extra, cinzas vulcânicas ou Tufo, isso tornava o concreto impermeável e os romanos o utilizavam em praticamente tudo; em casas de banho, aquedutos, tubulações e acredite, em blocos de apartamentos.
Um dos maiores exemplos da utilização do concreto romano impermeável foram nas paredes do Coliseu, mais especificamente no Hipogeu, a parte inferior do Coliseu logo abaixo da arena onde ficava os bastidores dos jogos, sendo um local propicio a acumular agua, contudo os romanos também utilizaram esta característica a seu favor, canalizando um braço de um rio subterrâneo e inundando o hipógeo para criar um dos maiores espetáculos de gladiadores já vistos, a Nau Maquia onde eles recriaram uma batalha naval em pleno coliseu.
Porem o império romano era muito vasto e em várias regiões onde possuíam colônias não havia vulcões, mas sempre havia refugo de construções e telhas quebradas que não poderiam ser reutilizadas, então eles adaptaram a formula, moendo as telhas quebradas e acrescentando ao concreto no lugar das cinzas vulcânicas, criando assim o concreto hidráulico, que além de ser impermeável podia ser aplicado diretamente na água e endurecia mesmo que submerso.
Isso levou a uma nova variedade do concreto romano, o concreto marinho; que possua uma formula simples e que se torna mais resistente com o passar do tempo, sua formula era composta de cal, areia, agregados, cinzas vulcânicas ou pó de telha moída e água do mar. Estes ingredientes desta receita formam um mineral chamado tobermorita aluminosa, que fica cada vez mais forte com o passar do tempo. Ao contrário do concreto moderno a base de cimento, os romanos criaram um concreto com uma estrutura química mais parecida com a de uma rocha que prospera em uma reação química continua como a água do mar, o tornando cada dia mais forte. Isso bate diretamente com o relato do historiador romano Plinio o velho, que disse “o concreto, assim que entra em contato com as ondas do mar e está submerso, torna-se uma única massa de pedra, inexpugnável para as ondas e cada dia mais forte”.
Um dos principais exemplos da utilização do concreto marinho romano está no antigo porto romano da cidade de Cesareia na Palestina, lá podemos ver que a sua fundação submersa está intacta, contudo, o porto só ruiu por causa dos sucessivos terremotos ao longo dos séculos na região.
No porto de Cesareia também observamos que os blocos de sua fundação são perfeitamente quadrados, o que levou ao questionamento de como o porto fora construído? Contudo, muitas construções romanas foram feitas de pedras, porém com o advento do concreto os romanos podiam produzir suas próprias pedras e no formato que desejassem. Plinio o Velho relatou que grandes navios de madeira eram utilizados para levar blocos de concretos durante a construção do porto de Cesareia. E foi com base nesses relatos e reproduções que os pesquisadores concluíram que o concreto era despejado em grandes balsas quadradas, levadas ao ponto exato e afundado, por fim as reações químicas do concreto com a água do mar fariam todo o resto.
Contudo segundo um estudo da revista American Mineralogist, a formula e a produção do concreto romano causa menos impactos ambientais do que o concreto moderno e poderia ser utilizado em construções atuais. A produção do concreto moderno feita a partir do “cimento Portland” exige uma técnica chamada clinquerização para a sua fabricação, nela a mistura de calcário, argila, silício, alumínio e ferro é aquecida a uma temperatura de 1.450 graus Celsius. Contudo se a receita romana fosse adotada, reduziria drasticamente os impactos ambientais, diminuindo a energia necessária para elevar a temperatura da mistura.
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