Ritual cultuado pelos vaqueiros nordestinos, a “Pega do Boi” simula uma das tarefas comuns da lida do gado no sertão. Uma tarefa que exige coragem e, por isso, transformou-se quase que num rito de iniciação para os mais jovens. Quando uma rês desgarra do rebanho e se embrenha na caatinga, é papel do vaqueiro persegui-la, em meio à densa e espinhosa caatinga, e reconduzi-la ao rebanho.

As cicatrizes e eventuais mutilações (como a perda da visão devido à perfurações) no corpo dos vaqueiros mais experientes demonstram a rudeza que envolve esse “esporte radical” fundamental para a sobrevivência do sertanejo.

Ver o vaqueiro e o cavalo, devidamente paramentados com suas verdadeiras armaduras de couro, entrarem em alta velocidade naquela vegetação, onde são comuns os espinhos, galhos ressecados com pontas afiadas e as cactáceas como o mandacaru, o xique-xique e a cabeça-de-frade é, sem duvida alguma, impressionante.

O que vem à mente é a descrição do célebre Euclides da Cunha sobre o homem nordestino, quando inicia com a conhecida frase: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”.

Por Hugo Sidney Brandão

Fotos: Márcio Dantas/Brasil em Imagens